Como sugerir pautas quando boa parte da imprensa fala do mesmo assunto?
Não há dúvidas de que todo profissional de comunicação tem feito essa pergunta a si mesmo ultimamente. Desde março, a maior parte da imprensa, impressa ou digital, ocupa o espaço noticioso com matérias sobre a pandemia ou algum escândalo relacionado ao Planalto.
A maneira com que as empresas se comunicam se transformou com a pandemia, veja o que mudou na parceria entre influenciadores e marcas, na gestão de redes sociais e na relação com os porta-vozes.
Quando há novidades sobre uma vacina, cai um ministro importante ou descobre-se que o presidente está com COVID-19, aquela notícia quente do nosso cliente acaba indo para a gaveta, pois, na visão dos jornalistas, não tem força para concorrer com os assuntos de saúde ou de Brasília.
Não é difícil entender por que os veículos de comunicação, principalmente os diários, que cobrem todo o cotidiano, dão foco nesses temas e não nos “nossos”. Sabemos que os jornalistas consideram que um assunto é tido como notícia quando a resposta é “sim” para algumas perguntas básicas:
Quando o assunto tem relação com a maior emergência sanitária do século ou com a montanha-russa que se tornou o ambiente político no Brasil (com implicações reais para a vida dos brasileiros e a economia do país), não há saída para os nossos colegas nas redações: o jeito é abordar esses temas.
Um cenário de imprensa monotemático é desafiador para o assessor de comunicação, porém, se formos estratégicos, é possível vencer essa muralha, com uma mescla de sensibilidade e técnica.
Devemos redobrar a nossa percepção e focar nos aspectos diferenciados dos assuntos dos nossos clientes, a fim de torná-los pauta.
Crise, fechamento de empresas e desemprego recorde tem sido a música de uma nota só que ouvimos nos últimos meses e, se a pauta do seu cliente conta com um “mas”, começa a abrir-se aí uma chance de ela ter espaço numa matéria.
Por exemplo: o setor de negócios em que um cliente atua foi muito impactado pela crise, mas ele encontrou uma maneira de manter-se competitivo, vivo, dando o seu quinhão para que o mundo não acabe. Se o assessor tiver essa sensibilidade e tocar o jornalista, é possível que aquela barreira seja transposta – até porque os repórteres, provavelmente, não aguentam mais ouvir a mesma música todos os dias.
Pouco adianta sugerir uma pauta logo depois de um acontecimento que impacte fortemente aquela editoria. Timing é sempre precioso em assessoria de imprensa e em tempos turbulentos, ainda mais.
Tomando como exemplo a sugestão de pauta fictícia do item anterior. Se acabou de ocorrer a divulgação de PIB, uma reunião ministerial problemática, declarações polêmicas que impactem a economia, deixe a sugestão de pauta descansar até o dia seguinte. É importante saber a diferença entre ter timing e deixar a pauta esfriar. Nesse caso, uma pauta de negócios ainda está “quente” no outro dia e pode ser negociada com menos interferência do acontecimento bombástico do dia anterior.
Esse texto foi produzido por Rogerio Gama e atualizado em 3.8.2020 por Mila de Oliveira
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