O impacto das fake news na sociedade foi ampliado com o surgimento da internet e das redes sociais. Se antes as notícias falsas se restringiam à vida das celebridades e às lendas urbanas, hoje elas têm influência no comportamento, posicionamento político e até na saúde da população.
Fake news – ou notícias falsas, em português – se referem à prática intencional de produção e distribuição de informação equivocada ou boatos por meio de veículos de comunicação ou redes sociais. Embora tenham obtido uma dimensão maior nos últimos anos, as fake news não são um fenômeno recente. Durante a Copa do Mundo de 1998, foi amplamente difundido um depoimento falso, supostamente dado pelo diretor de um canal esportivo, que denunciava que “se as pessoas soubessem o que aconteceu na Copa do Mundo, ficariam enojadas”. Não se sabe exatamente de onde o rumor foi originado, mas Gunther Schweitzer, que teve seu nome atribuído à farsa, sequer trabalhou em um meio de comunicação.
As fake news exercem uma forte influência na população, especialmente no Brasil.Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts apontou que mensagens falsas têm 70% mais chances de serem compartilhadas do que as verdadeiras. O levantamento concluiu que o alcance de conteúdos falsos chega a 100 mil pessoas, enquanto os reais chegam, em média, a apenas mil pessoas. Nesse caso, temos dois agentes responsáveis pela propagação das fake news: a pessoa que produz o conteúdo e, também, as que divulgam sem checar a procedência da informação.
Os brasileiros estão particularmente expostos a esse tipo de publicação. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos indicou que 62% dos entrevistados no Brasil relataram ter acreditado em notícias falsas, contra uma média global de 48%. Segundo levantamento realizado pela Reuters, brasileiros usam massivamente o WhatsApp como fonte de informação: 53% dizem usar o aplicativo como fonte de notícias, contra 9% no Reino Unido e 4% no Canadá e Estados Unidos.
O tema das fake news começou a ser abordado de maneira massiva pela imprensa em 2016. Durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos, foi denunciado que Donald Trump, então candidato, teria orquestrado a produção e distribuição de notícias falsas em favor dele e em detrimento da opositora, Hillary Clinton.
No Brasil, a última eleição presidencial também foi marcada pela disseminação de notícias falsas, em sua maioria em favor do então candidato Jair Bolsonaro e contra o Partido dos Trabalhadores e o candidato Fernando Haddad, segundo colocado no pleito. Atualmente, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News investiga a produção e distribuição de informações falsas pelo presidente e seus correligionários, além do uso de dinheiro público, por meio de anúncios, para financiar sites que propagam esse tipo de notícia.
O que faz uma pessoa acreditar em fake news? Veja nossos insights sobre o assunto
Com o surgimento do coronavírus, apareceram também as fake news relacionadas ao tema. Um levantamento feito pela Avaaz mostra que cerca de 110 milhões de pessoas – 70% da população brasileira – acreditaram em pelo menos uma notícia falsa associada à epidemia. O ambiente de incerteza e medo contribui para a aceitação e difusão de notícias que tragam conforto, ainda que sejam falsas. Nesse contexto, multiplicam-se mensagens sobre curas milagrosas, tratamentos revolucionários e números falsos de casos e óbitos.
Em meio a uma pandemia, a disseminação de notícias falsas pode ocasionar danos à saúde e até mesmo a morte de pessoas. Em maio deste ano, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu que pacientes com Covid-19 injetassem desinfetante na corrente sanguínea para neutralizar o vírus. Nas horas seguintes à publicação da mensagem, o número de pacientes atendidos por intoxicação por desinfetantes deu um salto em Nova Iorque.
Com o objetivo de reduzir o impacto das fake news na sociedade durante a pandemia, instituições públicas e meios de comunicação se dedicam à checagem das informações. O Ministério da Saúde possui uma página destinada ao combate às fake news sobre o coronavírus, onde a população pode verificar a veracidade das publicações. O portal G1 também lançou uma página exclusiva para o tema e o projeto LatamChequea reúne o trabalho de 30 agências de fact checking em 16 países da América Latina, além de Portugal e Espanha.
Esse texto foi produzido por Mariana Giordão e atualizado em 10.6.2020 por Mila de Oliveira.
Como sua marca constrói a relação com a imprensa? Uma boa estratégia de assessoria de imprensa não se limita ao envio de press releases aos veículos de comunicação. O time da G&A cultiva sólidos relacionamentos com os jornalistas há mais …Leia mais
O cuidado com a saúde mental tem sido, cada vez mais, uma importante preocupação na sociedade. O Brasil, principalmente, é o país com maior índice de pessoas com transtorno de ansiedade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), …Leia mais